Artigo editorial de uma das mais respeitadas revistas odontológicas discute a importância da mucosa queratinizada peri-implantar.
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https://unsplash.com/photos/VxVO1zrY5F8 |
A discussão sobre os tecidos moles periimplantares sempre foi intensa por causa da capacidade de não apenas melhorar a estética local, mas também por aumentar a estabilidade e saúde em longo prazo dos implantes. No passado, nos idos tempos do início da implantodontia moderna, não haviam trabalhos que comprovassem a necessidade do tecido queratinizado ao redor de reabilitações sobre implantes e assim sendo, à época, a necessidade cirúrgica da manipulação para obtenção de tais tecidos, era "opcional". Apesar dos vários tipos de design de implantes (soft-tissue-level ou bone-level) e suas variadas plataformas, é plausível que uma faixa de mucosa queratinizada tende a beneficiar facilitando a higienização oral pelo paciente, prevenindo patologias advindas de um pobre controle de placa na região. Rocuzzo et al, em um trabalho observacional de 10 anos, mostraram que implantes posteriores em mandíbula, instalados sem a presença de mucosa queratinizada, tendem a requerer mais intervenções, como cirurgias de degranulação, terapia antibióticoa, enxertos gengivais, entre outros para redução do disconforto e melhora na higienização.
Em acompanhamento de quatro anos, Perussolo et al relatou maiores índices de sangramentos gengivais à sondagem, acúmulo de placa, perda óssea marginal e desconforto à escovação quando a mucosa queratinizada peri-implantar era menor que 2 mm. Ainda, a falta de mucosa queratinizada atrapalha o resultado de cirurgias para tratamento de periimplantites e portanto o aumento cirúrgico da faixa de tecido queratinizado deveria ser recomendado. Por fim, a ausência de tecido queratinizado periimplantar está relacionada a menores satisfações do ponto de vista estético.
Por fim, a espesura do tecido periimplantar, não está necessariamente relacionada a altura do mesmo. Clinicamente a espessura é medida entre 1 e 1,5mm apical à margem do tecido periimplantar e a dimensão horizontal vai dos tecidos moles externos às superficies "duras" internas. Aumentar a espessura do tecido periimplantar não corresponde, necessariamente, à espessura do tecido queratinizado. De maneira similar ao dente natural, o fenótipo delgado periimplantar é identificado como um fator de risco para a recessão. Fenótipo espesso auxilia a prevenir a recessões. Linkevicius et al demonstrou que a tecido delgado (medido verticalmente) ao redor de um implante está associado a maiores perdas ósseas quando comparadas a tecidos mais espessos. De maneira similar, tecido muito fino está associoado a maiores retrações e perda de inserção clínica. Técnicas para aumento do tecido queratinizado demonstram minimização da perda marginal
Paciente com prótese sobre implante recente e dor ao escovar a região sem mucosa queratinizada |
Em resumo, o futuro aponta para a necessidade de enxertias para correção da questão da ausência ou insuficiência do tecido queratinizado para correção das deficiências. De tal modo melhoram-se os parâmetros da saúde do implante em longo prazo.
Extraído da International Journal of Periodontics and Restorative Dentistry. Volume 39, Issue 6. November/ December 2019. P. 767-8.
Autores:
Hom-Lay Wang, DDS, MS, PhD
Ann Arbor, Michigan, USA
Giovanni Zucchelli, DDS, PhD, Bologna, Italy
Referências:
1. Roccuzzo M, Grasso G, Dalmasso P. Keratinized mucosa around implants in partially edentulous posterior mandible: 10-year results of a prospective comparative study. Clin Oral Implants Res 2016;27:491–496.
2. Perussolo J, Souza AB, Matarazzo F, Oliveira RP, Araújo MG. Influence of the keratinized mucosa on the stability of peri-implant tissues and brushing discomfort: A 4-year follow-up study. Clin Oral Implants Res 2018;29:1177–1185.
3. Linkevicius T, Linkevicius R, Alkimavicius J, Linkeviciene L, Andrijauskas P, Puisys A. Influence of titanium base, lithium disilicate restoration and vertical soft tissue thickness on bone stability around triangular-shaped implants: A prospective clinical trial. Clin Oral Implants Res 2018;29:716–724.
4. Mailoa J, Arnett M, Chan HL, George FM, Kaigler D, Wang HL. The association between buccal mucosa thickness and peri-implant bone loss and attachment loss: A cross-sectional study. Implant Dent 2018;27:575–581.
Você paciente, converse com seu dentista sobre a gengiva ao redor de implantes (e dentes), tenha mais qualidade de saúde bucal!
Aos dentistas que trabalham nesta seara, explique aos pacientes as vantagens de se preservar o tecido queratinizado ao redor de implantes e ofereça saúde plena para seus implantes.
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