Um técnico pleno de conhecimento? NÃO. Isto a internet tem, mais e, com frequência, até melhor. Um robô tem feito cirurgias elaboradas com mais precisão, menos erro. Precisa, claro, um TÉCNICO formado em medicina, dito “medico”, para o comandar estabelecendo a tática e corrigindo rumos a depender do paciente que é, sempre, único e tem suas variáveis.
Mas, antes de chegar aí, precisa de um MEDICO de verdade para achar e mostrar o caminho. Alguém à Hipócrates, que acolha, escute, entenda, dialogue e ajude a encontrar um caminho, propondo-o embasado no seu conhecimento e nas necessidades do paciente, nas convicções deste, mais ainda. É o respeito.
Porem, ainda mais forte deve ser a ação diante de uma situação nova (nada existe de novo, apenas roupa diferente) em que não ha tempo de fazer “estudos científicos”. Se está sangrando, no mato, estanca-se a hemorragia com um torniquete ou metendo o dedo no vaso (errado, cientificamente, mas é o que se pode fazer, SALVANDO a vida).
Deixar o paciente à própria sorte por medo ou ideologia é tirar dele a esperança. Ninguém vai ao médico passear. Se vai é porque precisa ajuda.
E na emergencia não ha discussão, usa-se o que tem disponível, sem subterfúgios, ate o dedo não esterilizado para conter um sangramento…
Ele é um ser humano frágil ou fragilizado, sujeito a falhas, acuado o mais das vezes, correndo contra a morte como lhe ensinaram (derrota inevitável), usando recursos inúteis e trazendo sofrimento.
O foco não deve ser a doença, ou a morte, mas o paciente e a vida. A morte é parte e não pode ser esquecida, mas jamais combatida. Mas, se vocacionado, o lado frágil é tornado secundário e age para o bem, em busca do melhor disponível, sem espera inútil.
A sobrecarga de estudos e vivencias reais é inquestionável. Ele e o paciente, ambos com o mesmo objetivo, este sofrendo, ele tentando amenizar.
Não é fácil para o que não se entrega com talento, vocação, esforço.
Antigamente era cercado de uma aura de magico. E era, mesmo, com os poucos recursos que tinha. Esmerava-se no ouvir, tocar, daí não lhe faltava o essencial, que é a relação humana, hoje separada como “humanidade” (desnecessário porque é intrínseca à profissão e ao ser humano) . Os frutos materiais ou espirituais eram consequência e não o objetivo final. Era tudo sagrado.
Saiamos da Faculdade crus, e precisamos de 10 a 15 anos de vivencia para amadurecer. Hoje ainda mais.
Éramos jogados à luta sabendo que ja não mais nos pertenceria mais da metade de nossa vida. Dedicação total. Entrega. Hoje se aprende a planejar o financeiro e as escolhas são por áreas que “rendem mais”. Quando se chega a um hospital, mesmo a uma Santa Casa, de Misericórdia, já não ha o acolher simples. Ha uma imensidão de papeis e o principal é o “como vai pagar”. Sim, tudo isto é importante mas não é a primeira atitude no receber. E, ali, passamos a ser mais uma estatística, um numero sujeito às normas (protocolos) iguais para todos, sem nos considerar indivíduos.
Esta “medicina” precisa ser revista e nos deixar voltar oo tempo em que éramos gente, seres humanos, únicos, com nossos problemas e nossas virtudes e os pacientes, nossos irmãos.
Galeno, 6a. F, 10jul20
O texto acima inaugura uma sessão que será toda dedicada aos pensamentos direcionados à tanatologia, sexologia e filosofia sobre toda a sorte de atualidades (e passados que estão sempre conversando com a realidade) que se encaixam em nossas vidas. Muitas postagens poderão ser depreendidas à odontologia e todas à reflexão. Sempre aulas de vivência e gratidão, os textos de meu pai, Galeno.
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