sexta-feira, 23 de abril de 2010

Biossegurança e Mini-incubadora para Teste Biológico de Autoclave

                                   
          Mini-incubadora Cristófoli de nosso consultório (que fica sempre disponível ao paciente na sala de anamnese)


     A esterilização dos materiais odontológicos é de extrema importância por motivos óbvios!! Mas o motivo desta postagem é mostrar que para uma adequada esterilização, é necessário que sejam monitorados os ciclos de autoclavagem. O monitoramento ou monitorização nada mais é do que o controle de qualidade da esterilização e é tão importante quanto o ciclo do equipamento em si, pois é com ele que se garante que o material realmente esteja apto para ser utilizado no paciente. É indispensável de ser feito pois falhas na esterilização podem ocorrer devido a erros do operador (quando não se usam autoclaves automáticas), do equipamento e combinadas. O controle tem por objetivo detectar algum tipo de falha. Para se realizar o monitoramento há diversas formas e tipos:

Monitorização Física

A monitoração física, em autoclaves, realizada no consultório pelo operador, consiste em verificar, se a autoclave atinge os parâmetros físicos de tempo/ temperatura e pressão de acordo com o ciclo, modelo do equipamento.

Monitorização Química
Classe 1*:Os indicadores de passagem são normalmente encontrados em fitas zebradas, que indicam se um determinado pacote passou pelo processo, não garantindo, porém a sua esterilidade. Devem ser utilizados em todos os pacotes externamente.
Classe 4*:Existem indicadores químicos multiparamétricos que deve ser usado em cada pacote. Mostram que houve penetração de calor e vapor, mas não garantem a esterilização.
Classe 5*:Integrador químico de uso interno, indicado para utilização em pacotes que serão esterilizados a vapor em parâmetros determinados mundialmente. Tem boa confiabilidade, porém se a temperatura for acima de 140°C o indicador aprova o ciclo independente da presença de vapor, o que é uma limitação.
Classe 6*:Emuladores para temperatura específica, 121º C ou 134º C, em tempos específicos e pré-determinados. O emuladores Browne (5,3 min 134°C). Devem ser utilizados rotineiramente. Prático, fácil de usar, de armazenar co leitura imediata.
Recomendamos que seja utilizado, pelo menos, no primeiro ciclo de esterilização de cada dia de trabalho. Tem grande confiabilidade e demonstram que o ciclo apresentou todas as condições (temperatura em presença de vapor por tempo suficiente) para que a esterilização tenha ocorrido.
*(de acordo com a ISO 11140).

Monitorização Biológica
É a monitorização mais confiável, pois é feita com microorganismos tecnicamente preparados -indicadores biológicos- para demonstrar a esterilização.

1. O que é um indicador biológico?
São testes que vêm em tubos plásticos com tampa permeável ao vapor, com uma fita impregnada com uma população conhecida de esporos, separada do meio nutriente (líquido roxo), por uma ampola de vidro.
Os esporos utilizados são de Geobacillus stearotermophilus, altamente resistentes ao calor úmido e não são patogênicos. São utilizados como desafio, pois uma vez tendo sido eliminados, todos os outros esporos e formas vegetativas também serão.

2. Como fazer o teste biológico em minha autoclave?
Coloca-se o teste dentro de um pacote, que irá passar pelo ciclo de esterilização da autoclave. Normalmente os hospitais utilizam o primeiro ciclo, e colocam o pacote teste no ponto mais frio da autoclave, que é embaixo junto ao dreno, em função da localização das resistências.
Terminado o ciclo, abre-se o pacote recuperando-se o tubo plástico, aguarda-se 15 min. para que resfrie e perca a pressão. Aperta-se a ampola plástica (ativação) conseqüentemente quebra-se a ampola de vidro interna, expondo os esporos ao meio de cultura. Coloca-se para incubar o indicador teste, que passou por esterilização, em incubadora própria (nossa clínica possui a mini-incubadora Cristófoli) junto com outro indicador chamado de controle. O indicador controle não vai para autoclave, mas deve ser ativados da mesma forma ( veja as instruções de uso nos indicadores ou na mini-incubadora) . A sua finalidade testar tanto a viabilidade dos esporos como verificar se a incubadora esta funcionando corretamente.
O resultado esperado é que o controle mude de cor de roxo para amarelo. Esta mudança de cor é dada pela alteração de pH da solução que resulta da atividade microbiana. O teste não deve mudar de cor, pois o esperado é que os microorganismos tenham sido destruídos no processo de esterilização na autoclave. A leitura final é feita após 24 a 48h de incubação dos indicadores.

3. Com que freqüência preciso utilizá-los?
A recomendação do MINISTÉRIO DA SAÚDE, e da Vigilância Sanitária é do uso semanal dos indicadores biológicos. Várias entidades que tratam do Controle de Infecção Hospitalar recomendam o uso em todas as cargas que contenham implantáveis.
A nossa recomendação é o controle biológico semanal, um emulador pelo menos no primeiro ciclo de cada dia e um de processo por pacote. Infelizmente muitos consultórios não utilizam nem autoclave e muito menos indicadores biológicos.

4. Fita zebrada para autoclave é mesma coisa que indicador biológico?
Não, fita zebrada é um indicador químico, de passagem (processo ou classe 1), e só indica que o pacote passou pelo processo, não indicando, porém a sua esterilidade.

6. Os indicadores químicos são confiáveis?
Os integradores e os emuladores são os indicadores químicos de maior confiabilidade, pois se utilizam vários parâmetros ao mesmo tempo, daí o seu nome. Mostram precisão do ciclo, o indicador classe 6 só mostra mudança de cor quando 95% do ciclo for realizado,de acordo como padrão. Embora não permitam a contraprova, como oferece os indicadores biológicos, confere segurança da efetividade do ciclo.

     Pesquise, descubra mais, pergunte ao seu dentista sobre a biossegurança no consultório. É sua saúde que está em questão. 


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