segunda-feira, 16 de junho de 2025

Ortodontia e GENGIVAS (Periodonto) - Qual a relação?

 Este artigo de revisão explora a complexa interação entre a terapia ortodôntica (TO) e os tecidos periodontais. Ele é estruturado em três seções principais, abordando a relação da TO com a saúde periodontal, a periodontite e as condições mucogengivais. Em cada seção, são discutidas complicações comuns, erros de tratamento e recomendações para evitá-los ou corrigi-los, com base em evidências atuais e na opinião de especialistas.





Terapia Ortodôntica e Saúde Periodontal

A TO é mais frequentemente realizada em crianças e adolescentes com periodonto saudável. Aparelhos ortodônticos fixos podem dificultar a higiene bucal, levando ao acúmulo de placa e inflamação gengival. Em alguns casos, isso pode resultar em hiperplasia gengival inflamatória, que geralmente é leve e desaparece após a remoção do aparelho. A reabsorção radicular externa apical é uma complicação iatrogênica comum da TO, com incidência variando de acordo com a gravidade. Fatores de risco incluem longa duração do tratamento e aplicação de forças intensas. É crucial informar os pacientes sobre esse risco e monitorar a situação com radiografias para detectar a reabsorção precocemente. Se detectada, o tratamento ativo deve ser suspenso temporariamente. Em suma, a TO pode ser realizada com segurança em pacientes periodontalmente saudáveis, desde que a saúde periodontal e a higiene bucal adequada sejam mantidas e monitoradas.

Terapia Ortodôntica e Periodontite

Há um número crescente de adultos com periodontite buscando tratamento ortodôntico. É consenso que a inflamação periodontal deve ser controlada antes e durante a TO. A movimentação ortodôntica em tecidos periodontais inflamados pode agravar a perda de inserção do tecido conjuntivo.

O artigo descreve vários cenários clínicos:

 * Paciente com periodontite tratada com sucesso: A TO pode ser realizada sem afetar significativamente os resultados periodontais, desde que os objetivos da terapia periodontal tenham sido alcançados.

 * Paciente com periodontite não diagnosticada/não tratada: Iniciar a TO neste cenário é considerado um erro de tratamento que pode ser evitado com triagem e exame periodontal adequados antes do tratamento.

 * Paciente com periodontite não tratada necessitando de tratamento periodontal e ortodôntico: A TO pode ser benéfica após o controle da infecção periodontal e pode melhorar ligeiramente os parâmetros periodontais. O momento ideal para iniciar a TO após a terapia periodontal varia (3-6 meses após a terapia não cirúrgica, 6-9 meses após a cirúrgica e 12 meses após procedimentos regenerativos).

 * Paciente com periodontite incipiente não detectada: A falha em diagnosticar e monitorar a periodontite incipiente durante a TO é um erro que pode levar à deterioração da condição periodontal.

 * Paciente periodontalmente saudável, mas suscetível à periodontite: O monitoramento regular é fundamental para prevenir a destruição periodontal rápida em pacientes suscetíveis que podem desenvolver periodontite durante a TO.

Terapia Ortodôntica e Condições Mucogengivais

A TO pode afetar as condições mucogengivais, especialmente a recessão gengival, que é o deslocamento da margem gengival em direção à raiz do dente. Fatores como um fenótipo gengival fino (gengiva fina) aumentam o risco de recessão durante a movimentação dentária. O movimento dos dentes para fora do envelope ósseo do processo alveolar, como na expansão do arco, está associado a uma maior tendência de recessão gengival e deve ser considerado uma complicação ou erro de tratamento.

Alterações na posição dos dentes após o tratamento ativo, durante a fase de retenção, também podem causar problemas. O uso de retentores fixos não passivos pode gerar forças indesejadas, levando a movimentos dentários e recessão gengival, uma condição conhecida como "síndrome do fio". O desenvolvimento de fendas gengivais durante o fechamento de espaços ortodônticos é uma complicação comum. Por outro lado, a TO pode ser benéfica no tratamento da perda da papila interdental ("triângulos negros") por meio de uma abordagem combinada periodontal-ortodôntica para aproximar os dentes e remodelar o esmalte.

Em conclusão, a revisão destaca a importância da colaboração interdisciplinar entre periodontistas e ortodontistas para otimizar os resultados do tratamento e evitar complicações, garantindo o bem-estar dos pacientes.

sexta-feira, 28 de março de 2025

Campanha “Saúde Bucal ao Longo da Vida” Lançada pela EFP

 



A saúde bucal é fundamental para a saúde geral e qualidade de vida, necessitando de atenção em todas as etapas da vida. Para aumentar a consciência sobre a importância dos cuidados bucais ao longo da vida, a EFP (Federação Europeia de Periodontologia), lançou a campanha "Saúde Bucal ao Longo da Vida". Essa iniciativa oferece orientações práticas para proteger gengivas e dentes desde a infância até a terceira idade.

Importância da Saúde Bucal desde a Infância:
Os problemas bucais começam cedo. Assim que o primeiro dente de uma criança aparece, é recomendado que os pais levem a criança ao dentista para orientações sobre dieta, escovação e higiene bucal. Aproximadamente 50% das crianças enfrentam cáries na primeira infância, o que pode levar a problemas ortodônticos se dentes de leite forem perdidos precocemente.

Riscos para Adolescentes:
Durante a adolescência, as mudanças hormonais podem aumentar a sensibilidade das gengivas, tornando os jovens mais propensos a gengivite, especialmente se a higiene for negligenciada. Na Europa, 77% dos adolescentes apresentam cáries e 73% mostram sinais de inflamação gengival.

Saúde Bucal e Doenças Sistêmicas:
A saúde bucal está relacionada a doenças sistêmicas, sendo as mais notáveis diabetes e patologias cardiovasculares. Apesar das melhorias no entendimento das doenças bucais, as cáries ainda afetam mais de 50% das crianças e até 90% dos adultos têm gengivite.

Desafios na Terceira Idade:
Quase todos os adultos com mais de 65 anos (96%) já tiveram cáries. Muitos também enfrentam boca seca, frequentemente causada por medicamentos, aumentando o risco de cáries e infecções. Cuidados como escovação diária com creme dental fluoretado e limpezas dentais regulares são essenciais para os idosos.

Declarações dos Líderes da Iniciativa:
A missão do cirurgião-dentista é promover a saúde bucal ao longo da vida, aumentando a conscientização social. A saúde bucal é parte essencial do bem-estar geral, enfatizando a importância de visitas regulares ao dentista e manejo eficaz das condições de saúde.

Consulte seu dentista e preserve sua saúde bucal durante TODA a sua vida, especialmente na terceira idade.


OBS: Caso tenha interesse, peça-nos um e-book (brinde) sobre o assunto.

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Extração Dental - Uso de Opióides ou Não




Um interessante trabalho publicado na Rutgers Health comparou o alívio da dor após a remoção do siso. O artigo discute a eficácia de analgésicos não opióides em comparação com opióides em diversos aspectos como conforto, dor e sono no pós operatório de extração dos dentes do siso. O estudo descobriu que uma combinação de analgésicos de venda livre foi mais eficaz do que opióides no controle da dor após a remoção do siso. Em suma, o estudo, com amostra muti-cêntrica e mais de 1800 participantes, concluiu que pacientes que tomaram a combinação de não opióides experimentaram menos dor, melhor sono e maior satisfação do que aqueles que tomaram opióides. Os pesquisadores acreditam que esses achados podem mudar a forma como os dentistas tratam a dor pós-cirúrgica já que o uso de opióides podem apresentar algumas considerações colaterais importantes. 

Converse sempre com seu dentista para conseguir o maior conforto e melhor resultado possível em seu caso. Previna-se e faça sua prevenção. 

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Curiosidade Odontológica - Bluetooth - Qual a relação?

   Muitos não sabem, mas a origem do termo Bluetooth remonta a um rei nórdico que provavelmente tinha um problema dentário característico e que era um rei unificador dos povos..... Bem, vejam a excelente explicação em um vídeo na internet (créditos: se alguém souber, favor indicar para descrevermos):


                        


Mantenha sua saúde bucal em dia (para não precisar ter um "bluetooth") e até a próxima.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Qual a ligação entre diabetes e saúde bucal?

 





Um interessante artigo foi publicado no site medscape.com (referência abaixo), mostrando a importância da manutenção da saúde bucal no contexto da diabetes. Abaixo, os principais pontos do artigo se seguem:

Conexão Saúde Bucal-Diabetes: Evidências sugerem uma ligação estreita entre saúde bucal e saúde geral, com implicações significativas para indivíduos com diabetes tipo 2 (DM2).

Impacto Sistêmico: A periodontite pode ser um fator de risco para problemas em vários sistemas orgânicos, e a má saúde bucal está associada a um risco aumentado de insuficiência cardíaca e declínio cognitivo em pessoas com DM2.

Efeitos Bidirecionais: A relação entre doença periodontal e DM2 é bidirecional, mas há falta de conhecimento sobre essa conexão entre pacientes e profissionais1.

Importância do Tratamento Dentário: Tratar a periodontite pode ajudar no controle glicêmico, e os dentistas podem desempenhar um papel essencial na conscientização dos pacientes diabéticos sobre problemas bucais.

Fonte: https://www.medscape.com/viewarticle/whats-connection-between-diabetes-and-oral-health-2024a10003z5?ecd=wnl_infocu1_broad_broad_persoexpansion-algo_20240313_etid6371211&uac=208836SV&impID=6371211

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Higiene Oral em Hospitais Reduz Risco de Infecções e Mortes


 

Redução de Infecções: A escovação diária dos dentes está associada a uma menor incidência de pneumonia adquirida no hospital (HAP), especialmente em pacientes sob ventilação mecânica.

Menor Mortalidade na UTI: A prática também está relacionada a uma menor mortalidade na UTI, menor tempo de internação na UTI e menor dependência do ventilador.

Meta-Análise: Uma meta-análise publicada no JAMA Internal Medicine revelou que a escovação diária reduziu o risco de HAP em 33% e o risco de mortalidade na UTI em 29%.

Opinião de Especialista: Especialistas destacam que a escovação regular é um componente essencial do cuidado padrão em pacientes ventilados e pode se tornar tão indispensável quanto a lavagem das mãos na prevenção de infecções hospitalares.

Referência: medscape.com

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Periimplantite - Diretrizes

Então você já fez ou fará tratamento odontológico com implantes osseointegráveis?
Parabéns, para quando há ausência dentária, o melhor caminho realmente, desde que bem indicado, é via uso de implantes dentários. Eles devolvem a capacidade mastigatória e auto-estima em casos de perda dos dentes. 
Mas saiba que para todo candidato ou portador de implantes dentários, um programa de manutenção, vigilância e rotina deverá ser seguido, sob pena de ao invés de solução, ter mais dor de cabeça.
Neste ano foi lançado, por uma importante comunidade científica, um trabalho com as diretrizes para prevenção e tratamento das doenças periimplantares. Ou seja, para que se tenha um adequado tratamento com implantes, diretrizes deverão ser seguidas sob pena estatística de mais de 50% dos implantes poderem sofrer de doenças em seu entorno que em última instância levarão à perda e até mesmo mais mutilações.




Nunca deixe de ir ao seu periodontista (especialista em gengiva e que é o mais indicado para cuidar de implantes já feitos) para que possa sempre ter o melhor uso de seus implantes.